domingo, 17 de agosto de 2014

Ensinamentos de uma escolha qualquer



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Insistir e quis ficar no relento, o relento mais belo e poético que havia. Eu sabia que correria riscos, até porque, com o tempo não se brinca. Saí sem capa, sem cobertor e sem guarda-chuva, coração 100% desprotegido. E foi então que o espetáculo começou. Do pedaço de espelho jogado no lixo da esquina, eu vi a primeira lágrima cair, logo em seguida a segunda, terceira e quarta, vi exatamente até a quarta, foi quando a vista embaçou e a tempestade resolveu cair toda de uma vez. Gotas frias e pesadas deslizavam sobre o meu corpo. O coração, já inundado, transbordava sem pena, pelos olhos, corpo todo alagado. A chuva não quis parar, permeou-se por dias e noites, semanas e meses se passaram. Embora tenha provocado ruínas, como paredes ao chão, decepção e muita dor de cabeça, só quem arriscou, sentiu na pele e pode reclamar, foi eu. Afinal, a escolha tinha sido minha, eu quis ir viver lá fora e arriscar passar por dias de sol sem sombras á grandes tempestades incessantes. Foi um susto, receber assim de vez, uma tempestade tão grande na cara. Me sequei. E por medo, voltei a me trancar em casa. Ficarei aqui dentro, me curando da pneumonia e me preparando para uma próxima aventura, seja ela tempestade ou sol escaldante. Antes, desenferrujarei a armadura que estava jogada no fundo do armário, coração blindado e mente despreocupada. Assim parece bem mais fácil! 



Alice Sant'Ana 




quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Um canto para meditar.


(Só vale ler com a música rolando) 

Um canto para meditar. 

-"Alice, fala comigo!" 
-"Espera, eu tenho que está?" 
Vai, se livra disso, dessas amarras do corpo e rugas da testa. Solte tudo, por um momento. Imagine o céu, um vento bom no rosto. Por um momento, por favor. Esqueça o que te fez chorar. Por um momento, seja a tinta do seu quadro bonito da sala de jantar. Por um instante, revele o prazer que o vôo da borboleta trás em seu flutuar. Por um único instante, sinta a graça te ter sangue em suas veias. Por um momento só, agradeça por cada dia acordar. Enxergue o belo entre detalhes pequenos. Feche os olhos com força e abra a mente devagar. Respire fundo, solte pelo nariz, mais uma vez. Salve o que é de bom e veio de graça, pense no lugar mais lindo e seu. Caminhe sobre as pedras do lago, sem medo de escorregar. Sonhe pelo menos três vezes antes de dormir. 
-"Filha, bom dia! Tá na hora de acordar!" 

Alice Sant'Ana 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Não são poesias



Não são poesias

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Vontade de largar tudo e ir pra o meu segundo céu: a estrada. Venha comigo, vinhos, massa, café fresco, pão de queijo, mais vinhos, frio, estrada, estrada, serras, cachoeiras, pôr do sol e beira mar. Amor e uma barraca pra encostar. Cavalos, cachorros, Pernambuco, Brasília, São Paulo, Salvador e Pará, pra descansar. Norah Jones no rádio, o carro a 130km h, você sorri e pergunta o que tem pro jantar, eu olho pra cabine e... Panquecas e suco de laranja? Bom dia amor, café?  
Meu amor, há um problema grave em ser intenso. Dói e só quem é, sente. Aquele momento chato que o vinho está acabando, parece que o seu analista está indo embora também. Acho que eu tô cansanda disso tudo. Uma vontade de me isolar. bloquear todo e qualquer tipo de saudade -sentimento-. Deixar a poesia e viver, no seu verdadeiro sentido. Ou deixa-la ou me entregar de corpo e alma, -muito mais corpo, porque a alma já nem volta- sem ter que dar satisfações a ninguém. Deitaria feliz na sarjeta, só por encontrar alguém com a mesma alma... 


Alice Sant'Ana