terça-feira, 9 de setembro de 2014

[Que a maldita, seja sempre bem dita]


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Essa perturbação na cabeça é a mesma do coração
Tudo resolvido, nada em ordem.
Não gosto, não quero mais expulsar palavras!
Ser demasiadamente escrava da poesia.
Queria parar de ouvir essa voz que pulsa feito sangue na veia
Não é bom quando só me restam palavras
Eu me afogo nelas toda noite de insônia
No seu êxtase parece ser bom
Mas ao acordar a ressaca verbal é tanta...
Que nem a morte cura, sempre ficará um eco, até o próximo porre.
Poesia maldita!
Sabe a quantas noites eu não vejo a lua?
Sabe a quantos dias eu estou presa num cubículo além de mim?
Não, você não sabe porque você sai todas as noites
Você em seu estado de boemia maior
Usa meu corpo para dormir de dia
A note ao nascer, corre feito moleque em carnaval.
Me liberte, é proibido escravizar em pleno século XXI.


Alice Sant’Ana

[Nem nome tinha]


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E ela apareceu, eu com dor e ela lá.
Mesmo de longe...
Seu dom poético me entorpeceu,
e um filho nosso nasceu.
O filho da dor...
Um rebento, banhado de dor, nem nome tinha.
E foi por isso que sua história começou.
Feito os pais, sem amor.
Só um corpo atrás de paz.
Querendo parir letras e versos
Fui internada e assim começo.
E como que...
Se não fosse através da poesia?
Que nasceria uma alma tão pura!
Que arranca sorrisos dos pais.
E carinho dos demais!
Vestiu-se de branco, cada palavra
E num berço categórico foi batizada. 
Sem nem pensar na possibilidade de ser algo mais que sentimentos.
Nem narcisa, nem burguesa, preta, branca, boêmia ou cigana.
Apenas veio, e cresce sendo o "si" de nós.

Alice Sant'Ana\Ney Dias Amaral 

domingo, 17 de agosto de 2014

Ensinamentos de uma escolha qualquer



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Insistir e quis ficar no relento, o relento mais belo e poético que havia. Eu sabia que correria riscos, até porque, com o tempo não se brinca. Saí sem capa, sem cobertor e sem guarda-chuva, coração 100% desprotegido. E foi então que o espetáculo começou. Do pedaço de espelho jogado no lixo da esquina, eu vi a primeira lágrima cair, logo em seguida a segunda, terceira e quarta, vi exatamente até a quarta, foi quando a vista embaçou e a tempestade resolveu cair toda de uma vez. Gotas frias e pesadas deslizavam sobre o meu corpo. O coração, já inundado, transbordava sem pena, pelos olhos, corpo todo alagado. A chuva não quis parar, permeou-se por dias e noites, semanas e meses se passaram. Embora tenha provocado ruínas, como paredes ao chão, decepção e muita dor de cabeça, só quem arriscou, sentiu na pele e pode reclamar, foi eu. Afinal, a escolha tinha sido minha, eu quis ir viver lá fora e arriscar passar por dias de sol sem sombras á grandes tempestades incessantes. Foi um susto, receber assim de vez, uma tempestade tão grande na cara. Me sequei. E por medo, voltei a me trancar em casa. Ficarei aqui dentro, me curando da pneumonia e me preparando para uma próxima aventura, seja ela tempestade ou sol escaldante. Antes, desenferrujarei a armadura que estava jogada no fundo do armário, coração blindado e mente despreocupada. Assim parece bem mais fácil! 



Alice Sant'Ana 




quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Um canto para meditar.


(Só vale ler com a música rolando) 

Um canto para meditar. 

-"Alice, fala comigo!" 
-"Espera, eu tenho que está?" 
Vai, se livra disso, dessas amarras do corpo e rugas da testa. Solte tudo, por um momento. Imagine o céu, um vento bom no rosto. Por um momento, por favor. Esqueça o que te fez chorar. Por um momento, seja a tinta do seu quadro bonito da sala de jantar. Por um instante, revele o prazer que o vôo da borboleta trás em seu flutuar. Por um único instante, sinta a graça te ter sangue em suas veias. Por um momento só, agradeça por cada dia acordar. Enxergue o belo entre detalhes pequenos. Feche os olhos com força e abra a mente devagar. Respire fundo, solte pelo nariz, mais uma vez. Salve o que é de bom e veio de graça, pense no lugar mais lindo e seu. Caminhe sobre as pedras do lago, sem medo de escorregar. Sonhe pelo menos três vezes antes de dormir. 
-"Filha, bom dia! Tá na hora de acordar!" 

Alice Sant'Ana 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Não são poesias



Não são poesias

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Vontade de largar tudo e ir pra o meu segundo céu: a estrada. Venha comigo, vinhos, massa, café fresco, pão de queijo, mais vinhos, frio, estrada, estrada, serras, cachoeiras, pôr do sol e beira mar. Amor e uma barraca pra encostar. Cavalos, cachorros, Pernambuco, Brasília, São Paulo, Salvador e Pará, pra descansar. Norah Jones no rádio, o carro a 130km h, você sorri e pergunta o que tem pro jantar, eu olho pra cabine e... Panquecas e suco de laranja? Bom dia amor, café?  
Meu amor, há um problema grave em ser intenso. Dói e só quem é, sente. Aquele momento chato que o vinho está acabando, parece que o seu analista está indo embora também. Acho que eu tô cansanda disso tudo. Uma vontade de me isolar. bloquear todo e qualquer tipo de saudade -sentimento-. Deixar a poesia e viver, no seu verdadeiro sentido. Ou deixa-la ou me entregar de corpo e alma, -muito mais corpo, porque a alma já nem volta- sem ter que dar satisfações a ninguém. Deitaria feliz na sarjeta, só por encontrar alguém com a mesma alma... 


Alice Sant'Ana

terça-feira, 29 de julho de 2014

"Pra ficar gravado nos registros por ai"



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Eu miro um olhar pra vocês e cada olhar que volta pergunta mais alto: “Tem certeza, Alice?”

Mas vou dizer com sinceridade, que não tenho e isso que me impulsiona a ir. A única coisa que eu sei é que a minha certeza não está aqui. Mas do futuro eu não quero falar, vamos deixar o amanhã amanhecer sem pressa e vamos falar do bonito que se foi passar por aqui. Porque foi maravilhoso cada momento, experiências e sorrisos novos que me tomou o peito. Fiz do carinho que recebi um ninho quente pras noites de frio. Aprendi que apesar do meu estresse, sempre tinha um filho de Deus mais estressado que eu, aprendi com sorrisos a falar sobre o amor recíproco e a diversidade linda de gêneros que é o mundo. Aprendi a trancos e barrancos, que se eu tenho 50 dias pra fazer um projeto, eu não posso tirar 49 pra descansar e que nem todos os sábados são dias de vinhos, mas um cálice antes do almoço de quinta, as vezes cai bem. Aprendi que se descobrir é importante e inevitável, que com amigos por perto a dor é sim, de fato dividida e que quando o coração aperta e a garganta inflama, um chá de cidreira quase cura. Aprendi que na cidade sol, nem sempre o dia brilha, que infelizmente o normal pra alguns é a repulsa de outros. Aprendi que boas energias se passam com olhares e abraços verdadeiros e que eles salvam noites e semanas inteiras. Muita coisa que trouxe de berço, eu passei. Aprimorei por exemplo a respeitar cada dia mais os gostos, os gozos e os ais alheios, sem um olhar meio de lado. Aprendi -e me sinto feliz por isso- que ensinar é a arte mais linda e aprender nos torna artistas também. Me apaixonei por jeitos de pensar e filtros dos sonhos, gostei de todos os dias acordar com um pouco da sabedoria que cada um me passou, mesmo que indiretamente. Entendi que conviver não é fácil, mas que ser maleável e ter disposição pra se tornar agradável é maravilhoso, o mais bonito que aprendi foi me acostumar com o temperamento das pessoas sem antes querer saber se elas eram índias(os), evangélicas(os), budistas, ateias(os), mulçumanas(os), católicas(os), espíritas, ripes, frozens, ninjas ou sei lá. O incrível foi saber gostar de cada um de vocês pelo que são pra mim. Aprendi sobre tudo a guerrear em paz e levarei a paz e a leveza que foi encontrar vocês no meu caminho, dentro do meu coração! Obrigada por tudo, pelo hospitalidade, acolhida, beijos, abraços espontâneos e apertados e sim a certeza que mora em mim agora, é que sentirei falta de vocês, muita e sempre! Amo vocês! Beijos da Carulina, Lice, Sant’Ana,  Licinha, Bebê, Alice e de mim!   

Alice Sant'Ana 

domingo, 6 de julho de 2014

Um berço chamado Macaúbas


Macaúbas dos meus amores e das cores que me encantam.
Macaúbas onde mora o melhor abraço, o seu e do Cristo que olha lá de cima.
Macaúbas das nossas ruas, das nossas folias de fim de noite.
Macaúbas que guarda minha felicidade e cuida
do que eu julgo sagrado.
Macaúbas do Tinguis, das cachoeiras mais
lindas.
Das estrelas mais brilhante e lua tão bela
quando minguante.
Macaúbas das noites de São João e do forró
quente.
A cidade que me aquece por nome.
A boa e velha cidade que têm de mim um grande amor.
Macaúbas dos meus sonhos,
dos risos, do fogo, da paz,
do céu azul, de nuvens brancas,
dos paralelepípedos desordenados,
das artes em telas, pedras e paredes,
das vozes que falam doce sobre o berço que tu és.
Ho Macaúbas berço amado, eu canto em lírico teu encanto.
Sentimento que toma o peito, que das tuas serras farei arte e
poesia.
Espalharei nos olhares alheios a tua beleza
e tua cor.
O meu País das Maravilhas,
para Macaúbas com  muito amor!
Alice Sant'Ana/Carulina Cordes